Fim de carnaval!

16/02/2024 17:28:40

4 min e 21 segundos

Pouca memória. Grande estante do esquecimento. Poucos haverão delembrar de um cantor falecido em 2003. Ficou conhecido pelo nome artístico de Noite Ilustrada. Cantou, dentre tantas músicas, uma composta por Jorge Costa e
Paulo Roberto. Ei-la:

Fim de carnaval./ Acabou-se o que era doce./ Acabou-se a ilusão
outra vez./ Só restou o perfume no ar/ E uma linda canção que ele fez./ A escola perdeu, voltou pro morro/ E ele, com remorso, voltou também./ Porque a riqueza lá em cima é/É o carnaval que ele tem./ O filho pediu um brinquedo pra brincar./ Ele não deu porque não tinha/ Mais dinheiro pra gastar./ Comprou fantasia, comprou ilusão,/
Pra depois do desfile/ Voltar pro morro e dormir no chão.

É o carnaval que ele tem./ O filho pediu um brinquedo pra brincar./ Ele não deu porque não tinha/ Mais dinheiro pra gastar./ Comprou fantasia, comprou ilusão,/
Pra depois do desfile/ Voltar pro morro e dormir no chão.

No Brasil as “coisas” só começam a funcionar depois do carnaval.
Quem nunca ouviu isso? Quem nunca disse? Será que no Brasil a engrenagem só começa a mover-se
depois da festa momesca?

Alô memória, bota o bloco na rua! Carnaval é festa do século XX?
Do século XXI? Os estudiosos dizem que ela remonta a mais de doze mil anos. E surgiu para “pular” apenas? Nada. Foi para celebrar as boas colheitas. E para boas colheitas tem que ter boas semeaduras. Então antes da festa o trabalho.

Antes de começar o ano no Brasil dos pós carnaval, teve início o
árduo trabalho no Brasil do janeiro.

Os gestores e os servidores dos RPPSs folgaram em janeiro?
Nadaram de braçada nos papeis para garantir pagamento dos benefícios. Conselheiros se reuniram para deliberar e fiscalizar. Trabalhadores movimentaram a indústria e o comércio e geraram renda e impostos, que em parteforam vertidos para as unidades gestoras de previdência honrarem seus compromissos. Ufa!

foram vertidos para as unidades gestoras de previdência honrarem seus compromissos. Ufa!

Já que foi buscado no passado o quase despercebido Noite
Ilustrada com o seu fim do carnaval, recorre-se à memória (alô memória, bota seu bloco na rua) e evoca-se Sérgio Sampaio que cantou:

Há quem diga que eu dormi de touca/ Que eu caí do galho e que
não vi saída/ Que eu morri de medo quando o pau quebrou/ Há quem diga que eu não sei de nada/ Que eu não sou de nada e não peço desculpas/ Que eu não tenho
culpa, mas que eu dei bobeira/ Eu quero é botar meu bloco na rua/ Eu quero é botar meu bloco na rua/ Eu, por mim, queria isso e aquilo/ Um quilo mais daquilo, um grilo menos nisso/ É disso que eu preciso ou não é nada disso…

Pois é! O carnaval acabou e a vida que começou no primeiro dia
de janeiro segue caudalosamente e exigindo de gestores, servidores e membros dos órgãos colegiados que não durmam de touca, que não fujam da briga, que não
digam que não sabem de nada.

Para alcançar a meta atuarial não é recomendado dormir de touca.

Para perseguir o equilíbrio atuarial tem que segurar firme na
árvore para não cair do galho. É necessário ter olhos de águia para encontrar saídas onde parecem não existir (alô águia da Portela) . Recordando o escritor Carlos
Rodrigues Brandão: é preciso encontrar saídas onde não existem portas.

Quem está no mundo RPPS não pode dizer que não sabe de nada. Don
Mauro Morelli disse que a omissão é o maior pecado. A legislação pátria condena o servidor por ação ou omissão. Dizer que não sabia de nada afronta um princípio basilar e caro ao direito: ninguém pode escusar de cumprir a lei
alegando seu desconhecimento.

“Fim de carnaval. Acabou-se o que era doce. Acabou-se a ilusão
outra vez.” Mas o bloco do RPPS continua na avenida. Decerto que as
lantejoulas, serpentinas e confetes estão guardadas. Mas a luta continua e é hora de abrir alas para a escola de educação
previdenciária, seguida ou antecedida pelo bloco do controle interno e sucedida
ou emparelhada ( ou também antecedida) pela escola da governança corporativa.

O fim do carnaval é anunciado pelo último estandarte. E nele bem
que pode estar escrito (parafraseando o inesquecível samba enredo do
Salgueiro):

Explode coração

Na maior felicidade

É lindo o meu RPPS

Contagiando, sacudindo essa cidade.

É fim do carnaval. E continua a gestão previdenciária, sem
pausar, sem recuo, sem paradinha.


Por Heli Maia / Dirigente do Instituto de Previdência de Itaúna (MG)

Investimentos RPPS é um portal independente de publicações sobre mercado financeiro, gestão e finanças em geral. Voltado, principalmente, para Regimes Próprios de Previdência Social.
Conteúdo produzido por parceiros do portal Investimentos RPPS. A reprodução é permitida desde que a fonte seja citada.
Este texto representa a opinião do autor não, necessariamente, a opinião deste portal.
22/04/24
MPS divulga material sobre recentes alterações na Portaria 1.467/22
12/04/24
Veja como o déficit da Previdência deve ficar cada vez pior até 2100
01/03/24
Nocautes da Vida

Leia também

Comentários

Daniel Rabelo
16/02/2024 - 19:17h
As águias sao exuberantes nos seus voos e na sua imponência, mas devemos ter a percepção de mudanças, das mudanças que são exprimidas e impostas pela razão governamental atual ou sofredoras do passado... não importa. Se vc vive num mundo de atualizações de leis e números... BOM FINAL DE SEMANA

Deixe o seu comentário