Índice de Basileia: você sabe qual o risco de deixar dinheiro no seu banco?

28/06/2022 00:10:32

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Principais pontos da leitura

Na prática, o índice de Basileia é uma conta matemática que foi desenvolvida inicialmente em 1988 por economistas do mundo inteiro em Basileia, na Suíça.
Junto com o índice, esses profissionais criaram algumas regras e orientações para diversos países seguirem e colocar algumas travas no sistema financeiro.
Não é que dê para confiar que seu banco é um santo só porque tem um alto índice de Basileia, mas é um bom indicador para olhar sempre e estar ciente do risco que corre.

Você já ouviu falar de Basileia? Bom, se você já foi para a Suíça, deve ter ouvido falar que Basileia é a terceira maior cidade daquele país (atrás de Zurique e Genebra) e considerada a capital cultural helvética. Mas fique tranquilo(a) que não vamos tentar te vender uma excursão de férias pra lá. A cidade suíça até é bonita, mas o que nos interessa agora é que, por ter sido o berço desse indicador, ela emprestou o nome para um indicador importante para quem quer investir em títulos bancários: o Índice de Basileia.

O nome em si não diz nada, mas o que você precisa saber é que ele é uma espécie de medidor da saúde financeira dos bancos e financeiras. Eles não olham toda nossa ficha corrida antes de nos emprestar dinheiro? Agora é hora de olharmos também como anda o comportamento da instituição financeira antes de depositar dinheiro nela. Não apenas numa conta-corrente, mas principalmente numa aplicação a prazo, como um CDB ou LCI e LCA.

Na prática, o índice de Basileia é uma conta matemática que foi desenvolvida inicialmente em 1988 por economistas do mundo inteiro em Basileia, na Suíça, para medir o quanto os bancos estavam se expondo a risco no mercado, em comparação com o capital aportado pelos donos (sócios) da instituição. Junto com o índice, esses profissionais — que compõem o chamado Comitê de Basileia – criaram algumas regras e orientações para diversos países seguirem e colocar algumas travas no sistema financeiro.

O objetivo é evitar que os bancos façam muitas estripulias que possam colocar o dinheiro do investidor em risco. O Brasil aderiu em 1994 ao acordão e passou a controlar mais de perto as instituições financeiras para elas não se alavancarem demais.

Na últimas décadas, a maneira de se fazer essa conta ficou um tanto mais complicada — sendo comum (ou nem tanto) se ouvir falar de Basileia I, Basileia II e Basileia III — mas a lógica continua sendo a mesma.

Traduzindo do economês pro português: as regras tentam evitar que elas emprestem além do que sua capacidade financeira permite, para reduzir a chance de que, em caso de calores nos empréstimos que o banco faz, a perda chegue também aos clientes que depositam recursos na instituição.Na prática, o Índice de Basileia é uma maneira de saber o risco que você está correndo ao investir em um banco ou financeira.

O indicador mede a proporção entre o dinheiro que é da própria instituição e o capital dos outros (o que ela deve pra outras pessoas e entidades). Vamos a um exemplo que ajuda a entender: se o seu banco tem um índice de Basileia de 20% isso quer dizer, de maneira bastante simplificada, que para cada R$ 100 emprestados para pessoas físicas e empresas (o total de ativos que aparece no balanço), os acionistas do banco tem R$ 20 do dinheiro deles como patrimônio da instituição.

Ou seja, em caso de calote de parte dos R$ 100 emprestados, há um colchão de R$ 20 de dinheiro dos sócios para assumir a primeira perda. A conta matemática pra chegar neste índice é chata e você não precisa saber os detalhes. Já é um avanço entender que a conta é feita com a divisão do patrimônio de referência (que é o patrimônio líquido contábil da instituição acrescido e subtraído de alguns itens) pelo valor dos ativos do banco, de forma ponderada pelo risco de cada ativo (crédito pessoal sem garantia tem peso diferente de um título público, por exemplo). Isso resulta em uma porcentagem de 0% a 100%.

Ninguém consegue fazer essa conta do lado de fora do banco, muito menos de cabeça. Mas o Banco Central obriga os bancos a fazer o cálculo e divulgar. Veja no site do BC qual o índice de Basileia do seu banco ou no site Banco Data.

A recomendação internacional é um mínimo de 8% para Basileia. O Brasil, por um tempo, exigiu até mais (11% no mínimo). Contudo, como as regras ficaram mais rígidas, o mínimo exigido foi, aos poucos, diminuindo e, a partir de 2019, passou a ser de 8%. No exemplo acima, o banco está com um bom índice de Basileia. Se seu banco tiver um Basileia menor que 8%, cuidado! Ele está se arriscando além do recomendado.

As regras de Basileia são importantes mecanismos para manter o sistema financeiro saudável, mas é claro que não conseguem tirar todo o risco. É só lembrar da grande crise de 2008, que começou nos Estados Unidos justamente com bancos que se arriscaram demais e atingiu o mundo todo. Tanto é que o acordo de Basileia já está na terceira versão – foi necessário revisar as anteriores e apertar ainda mais as regras.

Não é que dê para confiar que seu banco é um santo só porque tem um alto índice de Basileia (ele pode estar se complicando em outras coisas), mas é um bom indicador para olhar sempre e estar ciente do risco que corre.

O Brasil tem regras prudenciais para o sistema financeiro até mais rígidas que a de países desenvolvidos. Os bancos que atuam aqui têm que seguir uma série de obrigações, como deixar um bom colchão de dinheiro guardado para casos de emergência, manter outro tanto em ativos com alta liquidez e ainda reportar certinho, e todo mês, qual o nível de calotes que está levando.


Fonte: Suno Research 

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