Quais fatores comportamentais influenciam nas tomadas de decisões?

25/11/2021 00:10:52

4 min e 26 segundos

Qual é o melhor momento para comprar ou vender determinado ativo, eis a questão! Essa talvez seja a pergunta mais recorrente na cabeça de qualquer investidor. E para ser o mais assertivo possível é necessário avaliar o cenário macroeconômico, o setor no qual determinada atividade está inserido, variações de moedas e ciclos de commodities, dados de balanços trimestrais de empresas, previsões futuras de novos investimentos, e por aí vai.

Em meio a tantos fatores a serem levados em conta para a tomada de decisão nas aplicações, é natural que em algum momento você investidor já tenha se levado deixar por algum fator emocional e fez alguma escolha de forma impulsiva. E o resultado de uma decisão no calor do momento por ser o pior: a perda de seu patrimônio.

Amos Tversky e Daniel Kahneman, dois psicólogos cognitivos, conseguiram demonstrar através de estudos controlados violações frequentes dos pressupostos da racionalidade no momento da decisão. Eles notaram que os humanos utilizam atalhos mentais ou regras empíricas para encontrar uma solução para dado problema – o que gerar vieses nas decisões tomadas.

O que os estudos comportamentais comprovaram é que as pessoas tomam decisões com base no ganho ou perda potencial em relação à sua situação específica (o ponto de referência) e não em termos absolutos ou apenas lógicos.

Em 2002, o teórico Daniel Kahneman ganhou o Prêmio Nobel de Economia pelo conjunto de seus estudos sobre Economia Comportamental. A partir daí ganhou-se forma uma corrente econômica que analisa não só as probabilidades matemáticas, mas também os aspectos emocionais e tendências de comportamento que podem influenciar na tomada de decisões financeiras. Em 2017, um outro economista, Richard H. Thaler, também ganharia um Prêmio Nobel de Economia por estudos sobre finanças comportamentais.

“O fator psicológico pode afetar de maneira radical na tomada de decisão do investidor. Principalmente, quando há uma série de perdas consecutivas; ou um momento de mercado com excesso de volatilidade, por exemplo. As pessoas tendem a ficar negativamente impactadas por estarem vendo a sua carteira se desvalorizando”, explica Leonardo Milane, Sócio e Economista da VLG Investimentos.

Decisões comportamentais

Da mesma maneira que temos dificuldades de forma subjetiva quantidades físicas, temos também para julgar subjetivamente as probabilidades.

Entender um pouco sobre os tipos de ilusões cognitivas que estamos sujeitos e como influenciam na tomada de decisões pode ajudar a evitar a manifestação de erros. Compreender melhor o lado emocional minimiza a possibilidade de equívocos no processo de alocação de ativos e melhora a performance dos investidores.

Segundo Leonardo Milane, é comum os investidores darem muito foco ao que acontece no presente e não pensarem no crescimento de um ativo no longo prazo. No entanto, o inverso também pode ocorrer e a pessoa seguir extremamente empolgada por conta de um período mais longo de altas consecutivas – o que pode levar o investidor a aumentar posições por excesso de confiança.

“Com certeza o investidor não irá acertar todas as vezes. No entanto, quanto mais souber o que está fazendo, menos terá o emocional consumindo quando errar. Quando você não sabe o que está fazendo o emocional pode te destruir. O vies comportamental nunca vai deixar de existir, o emocional sempre estará presente. A dica é ir atrás de mais conhecimento e uma assessoria profissional, de pessoas com mais experiência no mercado financeiro, ao invés de tomar sempre decisões por conta própria”, ressalta o Sócio e Economista da VLG Investimentos.

5 vieses cognitivos comuns:

Dissonância: mostra a tendência a ter apego às nossas ideias, mesmo que a realidade ao redor as desafie ou as contradiga radicalmente. Um investidor com uma forte convicção tende a ignorar informações que contradigam suas crenças.

Ancoragem: ocorre quando expectativas do investidor se fixam em determinado valor, a despeito das evidências do contexto. Uma vez que o investidor define uma âncora, as futuras negociações são discutidas sempre em relação a este ponto inicial.

Excesso de confiança: aponta que, normalmente, investidores superestimam sua capacidade de fazer previsões e julgamentos.

Efeito dotação: tendemos a dar valor muito maior para aquilo que temos do que o valor que pagaríamos para comprar esse mesmo ativo ou objeto. Dificuldade do investidor alterar aquilo que recebeu pronto.

Aversão à perda: é um viés comportamental no qual investidores priorizam o risco e não levam adiante aplicações financeiras que poderiam aumentar ainda mais sua rentabilidade. Em resumo, estudos na área da psicologia demostram que a dor da perda tem um impacto maior e gera uma memória mais viva do que o prazer do ganho.

Por fim, pare e pense. Diante de tantas análises de dados econômicos, vale a pena tomar decisões para a sua carteira de aplicações embasado em alguma estratégia lógica ou se deixar levar pelas emoções?


Fonte: Mercado 1 Minuto

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