A influência das mídias sociais nas decisões de investimentos

21/03/2024 09:18:18

3 min e 43 segundos

O rápido avanço da internet na última década trouxe consigo a extraordinária disseminação de conhecimento para todos os campos da sociedade. Em um passado não tão distante, a maior parte dos conhecimentos técnicos dos principais ramos da economia eram obtidos por meio de aprofundamento acadêmico no respectivo tema, ou através da convivência com profissionais do setor, e o mesmo pode ser dito para o setor de investimentos, em que a maior parte do conhecimento era dominado por profissionais ligados ao meio e que acumulavam anos e anos de experiência no setor.

Acontece que com o desenvolvimento da internet e das mídias sociais, as próprias instituições que possuem esses profissionais em seu corpo técnico, passaram elas mesmas a disseminarem mais o conhecimento sobre os produtos de investimento principalmente através do marketing ligado aos produtos oferecidos. Na outra mão, com o intuito de desmistificar o assunto, diversas figuras começaram a aparecer nos últimos anos, com o intuito de inovar em trazer um tema que era de conhecimento limitado para poucos.

Com o passar dos anos, essas figuras se transformaram em verdadeiros influenciadores, em que até os dias de hoje contam com milhões de pessoas que as seguem. De forma abrangente, essas pessoas passaram de simples indivíduos que explicavam para o público a diferença de produtos de investimentos, para verdadeiros formadores de opinião que garantem saber a fórmula para o enriquecimento, em que acabam utilizando as ferramentas de transmissão em massa para gerar a influência de opinião.

O perigo começa a surgir à medida que as mídias sociais possuem o potencial de causar o “efeito manada” nos investidores, que é o viés de comportamento de investimento de quando os investidores tomam decisões baseadas no que a massa dos outros investidores está fazendo, ou com o viés conhecido como “FOMO” (Fear Of Missing Out), que se trata do viés atrelado ao investidor ficar receoso de perder alguma oportunidade, ou ficar de fora de algo. Esses vieses estão muito relacionados com a divulgação de informações pelas mídias sociais, e o efeito eufórico que essas informações podem gerar.

Um caso prático em que as mídias sociais geraram os vieses acima citados e ocasionaram impactos no mercado foi a emblemática notícia de março de 2020 em que o megainvestidor Warren Buffett através da holding de investimentos Berkshire Hathaway teria aumentado significativamente sua participação na resseguradora brasileira IRB. Após a divulgação dessa notícia nos principais veículos de notícias do mundo de investimentos, houve uma alta procura pelo papel da companhia, que elevou sua negociação a uma valorização expressiva. Porém, não muito tempo depois, a própria Berkshire Hathaway afirmou que a empresa brasileira nunca havia sido investida pela holding, e que não possuía intenção nenhuma de ser acionista da resseguradora.

Desta forma, o processo para alocação de recursos sempre deve ser criterioso, ainda que as mídias sociais divulguem informações positivas ou negativas a respeito de alguma tendencia de mercado, estratégia ou produto de investimento. E mais do que isso, os profissionais responsáveis pela tomada de decisão dos investimentos dos RPPS podem e devem se manter atualizados, e além dos cursos de certificações em que todos esses membros podem obter ao longo de sua jornada no RPPS, é natural que acompanhemos as principais tendências de mercado, porém não obstante, a responsabilidade de filtrar e balizar as decisões sobre a alocação dos recursos do RPPS é redobrada e o uso das redes sociais para orientação de estratégias de investimentos devem ser extremamente equilibrado e prudente para que não estejamos sujeitos aos vieses de comportamento hiperestimulados pelas mídias sociais.

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Por Henrique Cordeiro / Economista na Crédito e Mercado Consultoria

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