Veja 6 truques da mente contra você

17/06/2022 00:10:18

5 min e 14 segundos

Você alguma vez segurou um investimento perdedor por anos, pois esperava ao menos empatar? Você foi influenciado pelas Finanças Comportamentais. Todo investidor que entender um pouco sobre isso certamente se tornará um investidor mais racional.

Então, esse campo de pesquisa explica como o nosso comportamento, nossas emoções, influenciam as nossas decisões relacionadas ao dinheiro. As teorias tradicionais de finanças consideram como premissa a racionalidade completa dos investidores. Isto é, cada um de nós buscaria tomar as decisões de investimento que maximizassem a nossa riqueza.

Contudo, diversas evidências foram encontradas que colocaram esse pressuposto em cheque. De fato, foi observado que o comportamento dos investidores muitas vezes eram completamente irracionais, sendo influenciado por vieses cognitivos e emocionais. Então iremos mostrar agora alguns desses vieses.

Comportamento de Ancoragem

A ancoragem se refere a ideia de se fixar a um preço de referência (âncora), mesmo que tal valor não tenha nenhuma fundamentação lógica.

Por exemplo, digamos que você comprasse uma ação a R$ 50, pois o seu valuation indicava que a ação deveria valer R$ 80. Mas sua tese de investimento se provou errada. E depois da empresa obter diversos prejuízos seguidos e o quadro parecer irreversível, a ação passou a custar R$ 25 após 3 anos.

Apesar da melhor decisão agora ser você vender a ação e partir para outra, muitos investidores insistem no conceito de “empate”. Ou seja, permanecem com a ação até que ela “empate” com o investimento inicial de R$ 50.

Obviamente, isso tem grande chances de nunca acontecer novamente. É como se achassem que a ação lhes “deve alguma coisa”.

Claramente é uma decisão irracional. Quem comprou ações da Eternit antes de 2014 está até hoje esperando empatar seu investimento.

Viés da confirmação

O viés da confirmação nos investimento pode ser encontrado no processo de pesquisa e análise de investimentos. Por exemplo, digamos que o investidor achasse que ações de determinada empresa são um bom negócio.

Nesse caso, é muito comum que esse investidor dê muito mais peso para as evidências que confirmem sua opinião e menos peso em relação aos dados que contradizem sua tese.

Imagine uma companhia com as seguintes características:

  • Altas métricas de rentabilidade
  • Forte geração de caixa
  • Histórico longo de resultados
  • Barreiras de entrada elevadas

Por outro lado, os pontos negativos são:

  • Dívida extremamente elevada
  • Perdas de contratos importantes

O investidor que gostasse muito dessa companhia daria muito mais importância aos pontos positivos do que aos negativos.

Viés do retrovisor

O viés do retrovisor é a tendência de explicar eventos passados como se fossem completamente previsíveis antes de acontecerem. Ou seja, é a nossa tendência de criar conexões simplificadas de causa e efeito onde essas ligações são de fato, muito difíceis de serem elaboradas.

Por exemplo, as bolhas de internet e imobiliária, em 2000 e 2008, respectivamente. Após essas crises, várias explicações foram elaboradas para explicar os motivos que levaram essas crises a ocorrerem.

Ora, mas se esses motivos fossem tão óbvios assim, a crise não teria ocorrido, em primeiro lugar.

Falácia do apostador

A falácia do apostador é a ideia errada de que as probabilidades de eventos independentes dependem da série de eventos passados.

Por exemplo, no contexto de investimentos essa falácia pode ser explicada pela tendência de alguns investidores se desfazerem de posições muito cedo.

Veja o caso da Unipar. A ação subiu mais de 500% no último ano.

Isso significa que você deva vendê-la? Não necessariamente. Se o Valor Intrínseco tiver aumentado mais do que isso e a ação foi comprada com desconto, a ação ainda estaria barata.

O efeito do excesso de confiança nas suas finanças

Esse viés é de Finanças Comportamentais é autoexplicativo.

Quando perguntaram para motoristas ou então gestores de fundos se eles se achavam acima da média, a maioria absoluto respondeu que sim. Claro que isso não é verdade. Apenas 50% podem estar acima da média.

Nos investimentos esse viés pode ser manifestado quando um investidor deseja se expor demais a uma ação específica, subestimando os riscos daquele ativo e a possibilidade de perda de capital.

Por mais atrativo que tal ativo pareça, sempre existe a possibilidade de tomarmos uma decisão errada. Logo devemos limitar as posições e diversificar a carteira.

Infelizmente, diversos iniciantes, levados por dicas de amigos ou de pessoas de má fé, simplesmente arriscam todo capital em uma única ação.

Esse foi o caso de pessoas que perderam tudo com as ações da OGX.

Comportamento de manada

O comportamento de manada é a tendência de seguir o consenso. Por questões sociais e primitivas, temos a tendência de acreditar que a maioria costuma estar correta.

Por exemplo, fizeram um estudo comparando dois cafés: Um com muita gente e outro sem ninguém. Quase todo mundo que chegava escolhia se sentar no café que tinha muita gente. O raciocínio era de que o café que tinha muita gente era melhor que o outro.

Esse raciocínio pode fazer sentido no mundo real, mas nos investimentos essa lógica pode estar completamente errada.

Existem diversos estudos que mostram que a ganância e o medo movem o mercado no curto prazo. Ou seja, a maioria ignora os fundamentos econômicos das empresas.

Vimos esse fenômeno com as criptomoedas, especialmente os bitcoins. O número de aplicadores nesses ativos aumentou radicalmente devido à expressiva valorização dessa moeda virtual no curto prazo.

Por isso, a melhor coisa a fazer é pensar e agir de forma independente da manada.

Conclusão sobre as Finanças Comportamentais

As Finanças Comportamentais explicam porque às vezes nos desviamos da racionalidade quando estamos lidando com investimentos. Somente entendendo esses vieses o investidor poderá corrigir seus erros de raciocínio e aumentar suas chances de sucesso no longo prazo.

Fonte: Suno Notícias

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